A LUZ DA CHAMA CRIOULA

O fogo não fala aos animais, mas, fala ao homem. Ante o fogo, o animal se espanta e foge, mas o homem espanta-se e dele se aproxima. É que entre ele e o fogo, há alguma coisa que os irmana. Em todos os povos, o fogo é objeto de culto, e do culto mais profundo. É o homem o único ser que se apropria do fogo e o domina, sem dominá-lo. Assim como o Sol, pelos seus raios, o fogo simboliza por suas chamas a ação fecunda, purificadora e iluminadora. Esse fogo simbólico representado pela Chama Crioula, nasceu no ano de 1947, em um momento conturbado da história Brasileira e mundial. Era um período em que os Estados Unidos da América, que havia tirado vantagens da 2ª grande guerra, ditavam a moda como centro irradiador das grandes novidades mundiais, espalhando seu capital, seu prestigio, mas principalmente sua cultura que era de “mudar”, “evoluir”, “desenvolver” reproduzir o modismo lançado que invadia a América. Foi no ano de 1947, quando foi criado em Porto Alegre, no Colégio Júlio de Castilhos um Departamento de Tradições Gaúchas, com o objetivo de resgatar, preservar e proporcionar a revitalização das coisas tradicionais do Sul, através da história gaúcha. Naquele momento, um grupo de jovens ginasianos do colégio, não ficaram sentados assistindo culturas alternativas invadirem o cerne cultural do cone sul da nossa América portuguesas, e numa atitude de muita responsabilidade, oficiaram o presidente da Liga de Defesa Nacional, manifestando o desejo de fazer o acompanhamento dos restos mortais do General Farroupilha, David Canabarro, que era transladado ao Panteão riograndense, de à cavalo. Uma vez aceito pela Liga de Defesa Nacional, o mais difícil foi arregimentar cavalarianos para cumprirem o ato, onde, usar indumentária gaúcha naquele período era quase um “crime” perante a sociedade. Sete de setembro de 1947, os oito jovens liderados por João Carlos D’Avilla Paixão Cortes, fizeram o primeiro desfile nas comemorações da semana da Pátria .

Da pira da Pátria que era acesa durante o 7 de setembro, foi retirada uma centelha do Fogo Simbólico, acendendo o candeeiro crioulo e guardado no Colégio Julio de Castilhos, dando origem à nossa Chama Crioula, que simboliza o apego do sulista à sua terra, o seu nativismo, seu telurismo. Esta Chama permanece acessa dentro de cada um de nós, demonstrando nosso respeito às instituições, valorizando a nossa cultura tradicional, à palavra empenhada, e nossa demonstração de civismo, patriotismo e amor a pátria e suas mais caras tradições.

Há 71 anos este ato se repete na semana que antecede ao 20 de setembro em várias cidades do Brasil. Santa Catarina não foge à regra, foi através de Anita Garibaldi, mulher catarinense de coragem, que o grande ideal farroupilha foi alcançado. Joinville, por ter acolhido uma geração de pessoas que cultuam os costumes da tradição, se formou um contingente de gaúchos joinvilenses, ao ponto de se tornar a cidade de Santa Catarina a sediar o maior número de CTG´s, Piquetes, Estâncias, Ranchos e os mais importantes grupos de dança gaúcha de salão, sem contar que, ostenta o título de possuir o 2º maior rebanho de exemplares da raça crioula de Santa Catarina criados aqui em suas cabanhas. Logo, a data de 20 setembro nos remete a data que eclodiu a Revolução Farroupilha, e seu grande objetivo era o de defender os ideais de Liberdade, Igualdade e Humanidade. Logo. Ao Almejar a LIBERDADE, o primeiro ideal que o povo farrapo - esperava nele, encontrar a independência, a autonomia, a autosuficiencia.
O Farrapo de hoje ainda almeja a LIBERDADE mas cala-se diante enfermidade da JUSTIÇA, última esperança serena do direito, que agoniza como um cidadão na fila do SUS. O Farrapo tem ainda grande esperança na LIBERADADE mas paga os maiores tributos para ver uma das piores educação do mundo. A insegurança impede o farrapo de exercer a sua LIBERDADE para conversar com o vizinho pois a exemplo do campo de concentração alemão de Flossenburg, cerca eletrificada contornam os muros lindeiros.

O Farrapo exerce a sua LIBERDADE sim, quando arrecada alimentos e cadeiras de rodas porque o governo vira as costas para aqueles que mais necessitam. Senhores, O povo farrapo tem tolerância, porque foi nesta virtude que encontro a verdadeira razão da felicidade entre a humanidade.
Onde há uma lágrima, o farrapo enxuga;
Onde há um órfão, o farrapo ampara;
Onde há um ignorante, o farrapo ensina;
Onde há um virtuoso, o farrapo dele se apropria;
Onde há um bem, o farrapo o pratica.

Um farrapo, não acredita em dogmas porque o dogma não é a verdade; Não admite sofismas, porque é um raciocínio falso, formulado com o fim de induzir a erros; Não considera nenhuma doutrina como imutável, porque acha que no caminho do progresso, toda e qualquer doutrina é acrescentável. O Farrapo prega a tolerância, porque sabe desculpar e faz do perdão sua lei; Cultiva o amor, porque detesta o ódio; Enaltece a bondade porque tem horror a maldade. E é nesta chama de ação fecunda, purificadora e iluminadora que nos alimentamos e renovamos nossos propósitos em defesa da LIBERDADE, IGUALDADE e HUMANIDADE, pois é nela que se constitui a forte trilogia de seus ideais, os quais, o farrapo considera ser o único meio capaz de construir o alicerce da humanidade e de seus mais altos desígnios, tornando-a menos sofredora, menos desigual e mais feliz.

Devotamos a DEUS, Amamos a pátria e somos intransigentes VIGILANTES DA VERDADE, porque: SOMOS FARRAPOS SIM SENHOR.

                                                                                                                        Adilson Caetano Buzzi
                                                                                                                        Advogado – Jornalista 
                                                                              Presidente da Associação Movimento Farroupilha
                                                                                                  Cidade de Joinville

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